Saúde

O futuro da pandemia

Saúde

Publicado em 28/7/2021 às 16h40

 

Brasileiros deverão conviver com o coronavírus em 2022, mas sob menos contaminações e mortes

Especialistas traçam cenário mais provável para a covid-19 no ano que vem com base em avanço da vacinação e ameaças como a variante Delta

Profissionais de saúde e estatística avaliam que os brasileiros ainda terão de conviver com o coronavírus em 2022, mas a hipótese mais cogitada pelos especialistas consultados é de que o avanço da imunização ajude a derrubar os índices de contaminação e permita um cenário de maior normalidade. 

O nível de otimismo varia em razão de incertezas como a adesão da população às vacinas, a manutenção de medidas preventivas mínimas e o eventual avanço de novas variantes como a Delta. Uma das possibilidades é de que a covid-19 persista por meio de surtos registrados principalmente entre populações com menor cobertura vacinal.

Um artigo recente de uma publicação científica da Associação Médica Americana cogita quatro cenários para o futuro da pandemia: erradicação (redução global do vírus), eliminação (redução regional, com zonas livres da doença), coabitação (menos transmissão e poucos casos graves) ou conflagração (semelhante ao cenário atual). 

Na avaliação majoritária de cinco especialistas em saúde ou estatísticas da pandemia ouvidos, a maior probabilidade para o Brasil seria de coabitação, com níveis de transmissão, casos graves e óbitos bem menores do que os atuais. 

— A doença seguirá existindo, mas com pouquíssima circulação e casos graves muito isolados. É o cenário que considero mais provável, mas precisamos manter nosso ritmo atual de vacinação — observa o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal. 

O pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Diego Ricardo Xavier aposta, caso se atinjam as metas de vacinação neste ano, em um panorama favorável a surtos localizados em vez de um descontrole generalizado: 

— Ainda precisaremos combinar estratégias como aumento de testagem e rastreio de casos, ou teremos surtos, sim, com aumento de casos (nos locais de ocorrência).

Medidas de prevenção ainda serão necessárias

Tudo indica que, apesar do avanço da vacinação e de recuos recentes em taxas de novos casos e óbitos por covid-19, os brasileiros precisarão manter algumas medidas de prevenção para evitar novos saltos de contaminação ao menos em parte do ano que vem. 

Entre os mais otimistas, o epidemiologista Pedro Hallal acredita que talvez seja possível dispensar o uso de máscara entre o final deste ano e o começo do próximo: 

— A retirada das máscaras se dará entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, se tudo continuar na mesma. 

Há colegas que preferem manter maior cautela. Especialista em Saúde Pública da Fiocruz, Diego Ricardo Xavier lembra que outros países, mesmo com imunização muito mais avançada, ainda não puderam desconsiderar completamente ações de prevenção. 

— O uso de máscara e, principalmente, o hábito de evitar locais de aglomeração devem persistir mesmo com o aumento da vacinação. Na Europa e na Ásia, mesmo com imunização acelerada, vemos a adoção de medidas restritivas. Aqui, não tem por que ser diferente — observa Xavier.

Para a professora de Epidemiologia da UFCSPA Lucia Pellanda , ainda não há como prever a dispensa de medidas não farmacológicas de proteção contra a covid-19: 

— Houve um otimismo exagerado de que só vacina sozinha vai resolver. Não resolve. Tem de ser vacina e cuidados, e alguns cuidados talvez a gente vá ter de manter por muito tempo mesmo. 

Quanto tempo? Para o epidemiologista Ricardo Kuchenbecker, a resposta vai depender de dois itens fundamentais: 

— O relaxamento do uso de máscaras depende de dois fatores: cobertura vacinal e baixas taxas de novas infecções. Ambos interdependentes.

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