Saúde

Dia de Combate ao Tabagismo alerta sobre riscos a saúde

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Publicado em 30/8/2021 às 11h

 

Dia de Combate ao Tabagismo alerta sobre riscos a saúde

Neste domingo, 29, foi celebrado o dia nacional de combate ao fumo. Para falar sobre o aumento no consumo de cigarro durante a pandemia e sobre os impactos do seu uso para a saúde das pessoas, o médico oncologista Renato Cramer.

Segundo o profissional, o percentual de fumantes diminuiu nos últimos anos, mas aquelas pessoas que fumam aumentaram o seu consumo. As ações nacionais de conscientização contra o tabagismo estão entre os fatores que ajudaram na diminuição no número de pessoas fumando. Porém, a pandemia, o isolamento, e as questões emocionais e psicológicas fizeram com que as pessoas que já fumavam passassem a consumir mais cigarros.

“Esse aumento no consumo de tabaco vai colocar as pessoas que já estavam em risco, em mais risco ainda. Vamos ver os resultados do aumento desse consumo em alguns anos”.

Quantidade de cigarro consumidos
O médico explica que não existe uma quantidade tolerável de cigarros a serem consumidos que não vão causar problemas de saúde. Quando uma pessoa fuma, o dano inicial começa no pulmão. Depois disso, corpo humano metaboliza as substâncias tóxicas e libera na corrente sanguínea para o restante do organismo.

“O tabaco está diretamente relacionado a pelo menos 15 tipos de tumores. E ainda tem os indiretos”.

A substância responsável por causar a dependência é a nicotina. Porém, outras 4 mil substância presentes no cigarro são as que afetam a saúde da pessoa.

Cinco milhões de mortes por ano
Segundo Cramer, o tabagismo é responsável pela morte de cinco milhões de pessoas por ano no mundo. A perspectiva é que esse número chegue a oito milhões em 2030.

“A gente ainda vai perder muitas pessoas por conta desse mau hábito”, diz.

Como largar o vício
Para largar o vício, o primeiro passo é a pessoa ter esse desejo. Como forma de tratamento, existem opções farmacológicas e não-farmacológicas. Estas, se baseiam na mudança de hábitos, acompanhamento psicológica, terapia, prática de atividades físicas. Já as farmacológicas, consistem no consumo de medicamentos que vão ajudar neste processo.

Fumantes passivos
Outra preocupação é quanto aos fumantes passivos. Ou seja, aquelas pessoas que não fumam, mas convivem com pessoas que fumam e acabam inalando estas substâncias.

“O fumante passivo corre tanto risco quanto o tabagista ativo. Pesquisas apontam que se minha esposa fumar uma carteira de cigarro, dos 20 eu estarei consumindo oito. Isso sem colocar nenhum deles na boca, apenas convivendo com pessoas. Isso é muito preocupante”.

O relatório Tratamento do Tabagismo no SUS durante a pandemia, feito pelo Instituto Nacional de Câncer Inca, aponta que 66% dos fumantes interromperam o tratamento entre 2020 e 21. Junto com isso, pesquisa da Fiocruz indica que 34% dos fumantes no país aumentaram a carga de uso da substância entre 2020 e 21.

 

“Mudar hábitos é uma forma de largar o cigarro”
Um vício ligado ao aparecimento de diversas doenças, entre elas, 15 tipos de tumores. No país, estima-se que quase 200 mil pessoas morram todos os anos devido a enfermidades relacionadas ao fumo. Dia de Combate ao Tabagismo, neste domingo, alerta sobre riscos inerentes ao consumo de cigarros e similares.

 Como especialista no tratamento de câncer, o senhor percebeu aumento no uso durante o período de isolamento?
Renato Cramer – No consultório não percebo isso, pois, via de regra, os meus pacientes já são tabagistas prévios. Entre 90 a 95% das pessoas que chegam na primeira consulta, com um diagnóstico de câncer, são fumantes.

Temos estudos que mostram uma redução significativa no percentual da população que fuma. No entanto, durante a pandemia houve um incremento tanto na ingestão de bebidas alcoólicas quanto de cigarros. Quem já fumava, passou a fumar mais.

– Como o hábito de fumar se torna um vício?
Cramer – O cigarro é uma droga lícita. Quando metabolizada, se transforma em nicotina. A substância se liga aos receptores do sistema nervoso central, dando uma sensação de bem-estar. Isso causa o vício, pois o tabagista quer conviver com essa sensação mais tempo.

Em um momento de estresse emocional, com mudanças na forma de se relacionar com amigos, com familiares, colegas de trabalho, o cigarro se tornou uma válvula de escape.

Isso aumenta o risco. Estudos nos mostram que os fumantes desenvolvem quadros mais graves da covid. E a recuperação também é mais difícil. Isso é muito preocupante, pois, como o consumo aumentou, há um favorecimento de mais complicações com uma doença que ainda estamos conhecendo.

– Qual o caminho para deixar o cigarro?
Cramer – O tabagismo é um dos vícios que mais demora para a pessoa adquirir. Por outro lado, é o mais difícil de perder. Tanto que a Organização Mundial de Saúde considera uma doença. Entendo que é preciso tratar de forma preventiva. Identificar o fumante, indiferente da carga tabágica e dizer: isso não faz bem, causas diversas doenças. Ou seja, estimular a parar.

O melhor sempre é largar de “sopetão”. De maneira brusca. Mas também é possível oferecer a forma gradual. Apesar de sabermos que as recaídas são comuns. Para isso dar certo, depende muito da força de vontade dessa pessoa.

Aquela ideia de acordar, sentar, tomar um café e puxar um cigarro tem que mudar. Ao invés disso, colocar um tênis e sair para caminhar. Tirar os cinzeiros de casa. Mudar de hábitos é uma forma de largar o cigarro.

Há casos de alguns que já tentaram e que não deu certo, apesar das orientações e mudanças de hábitos. Neste caso, há tratamento farmacológicos e não-farmacológicos. Junto com isso, muitas vezes é indicado o acompanhamento psiquiátrico e psicológico. A pessoa precisa ver quais fatores desencadeia a ansiedade e a vontade de fumar.

 

 

 

 

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