Atualizado em 22-12-2020 ás 13h30min
Câncer da pele: aprenda a se prevenir contra o tumor mais comum no Brasil
Em dezembro começa o verão, o que torna nossa exposição ao sol muito maior do que nas outras estações do ano. Nestes meses mais quentes é necessário aumentar a proteção contra os raios ultravioletas e, assim, se prevenir contra o câncer da pele. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), este é o tipo de tumor mais comum no Brasil: corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no país, que tem mais de 176 mil novos casos de câncer da pele a cada ano.
Atenta aos altos números, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza, desde 2014, o movimento Dezembro Laranja. Nele são promovidas iniciativas de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer da pele. Na temporada 2017/2018, sob o tema "Se exponha mas não se queime", a campanha pretende educar o público sobre os riscos do câncer da pele decorrentes da exposição excessiva ao sol sem a proteção adequada.
"Os hábitos cotidianos são muito importantes na prevenção ao câncer da pele e também no diagnóstico precoce da doença. Se detectado rapidamente, é um tipo de câncer perfeitamente curável", afirma o dermatologista Joaquim José Teixeira de Mesquita Filho, coordenador nacional da Campanha de Prevenção ao Câncer da Pele da SBD.
Proteção muito além do filtro solar
Existem várias formas de proteger a pele do corpo todo contra os raios UVA e UVB do sol - justamente os raios ultravioletas que podem causar tumores malignos. É importante ressaltar que a proteção solar deve ser feita tanto em momentos de lazer quanto de trabalho sob o sol.
No caso do trabalhador que faz sua atividade ao ar livre, equipamentos de proteção individuais (EPI), como chapéus de abas largas, óculos escuros, roupas de cubram boa parte do corpo e protetores solares, são obrigatórios todos os dias para evitar que a exposição prolongada traga problemas de saúde.
Conheça e entenda as formas que você se pode se proteger dos raios solares:
Roupas que cubram bem o corpo
Segundo o dermatologista, qualquer roupa oferece proteção solar. "Quando nos expomos ao sol usando uma camiseta, por exemplo, a área coberta pelo tecido não sofre queimaduras", ilustra.
Para quem trabalha ao ar livre ou sob o sol, essa proteção é bastante importante. Mas atenção: o que faz toda a diferença é o espaçamento entre as fibras do tecido. Quanto menor for o espaçamento (ou seja, quanto mais fechada for a malha), maior é a proteção.
Chapéus com abas largas
"Assim como as roupas, os chapéus sempre protegerão a cabeça em algum nível", diz Mesquita Filho. "Palha, tecido e fibras são ideais para esta região do corpo", prossegue o médico, que acrescenta os bonés de tecido a este item de proteção contra os raios solares. Para quem trabalha ao ar livre, este é outro equipamento de proteção individual (EPI) que não pode faltar na rotina.
Óculos de sol com lentes UV
É indispensável, ao colocar um par de óculos de sol no rosto, que suas lentes ofereçam proteção contra os raios ultravioletas. "Existem registros de melanomas dentro do globo ocular. Deve-se proteger também esta área do rosto e evitar a exposição dos olhos diretamente ao sol", explica o dermatologista. Isso significa que é para manter distância de óculos de sol com origem duvidosa e de "réplicas" de modelos de grifes, já que eles normalmente são feitos apenas com interesses estéticos, sem nenhuma preocupação com a saúde.
Filtro solar
Além de outros itens que contribuem para a proteção solar, o filtro continua sendo produto de primeira importância, tanto no lazer quanto no trabalho. Mesquita Filho recomenda que sejam usados filtros solares físicos com fator de proteção solar (FPS) 30. "Os metais presentes nestes filtros refletem os raios solares, e os produtos têm uma durabilidade maior", justifica.
O correto, segundo o médico, é aplicar o filtro solar duas vezes ao dia: pela manhã, antes de começar as tarefas do dia, e depois do almoço.
Abrigo de sombras e árvores
Mesmo usando roupas, chapéus, óculos e filtro adequados, não é saudável ficar debaixo do sol continuamente; o ideal é procurar e usar o máximo possível as sombras.
O coordenador nacional da Campanha de Prevenção ao Câncer da Pele da SBD conta que uma das lutas da SBD/RJ é pela implementação de uma política de sombras, com abrigos em pontos de ônibus e marquises e a conscientização geral de que é preciso lançar mão também deste recurso natural para se proteger contra o câncer da pele.
Respeitar horários
Entre 10h e 16h, os raios ultravioletas estão em seu pico de radiação. Logo, a exposição ao sol deve ser evitada nesta faixa de horário. Isso vale para todos, inclusive para os trabalhadores que estejam com todo o aparato de EPI recomendado.
Diagnóstico precoce
Existem três tipos de câncer da pele: o carcinoma basocelular (mais frequente e mais fácil de curar), o carcinoma espinocelular (de incidência média) e o melanoma (o tipo mais grave e, ainda bem, mais raro). Em qualquer dos casos, a doença é curável se detectada em um estágio inicial.
Mas se o câncer da pele for descoberto em estágios mais avançados, as consequências podem ser drásticas. "Pode ocorrer desde a metástase do câncer para órgãos internos até amputações de orelha e nariz", exemplifica Mesquita Filho.
Para estar com as informações sobre a própria pele sempre em dia, é imprescindível consultar-se periodicamente com um médico dermatologista. É ele o especialista que pode realizar a dermatoscopia, exame em que a imagem é aumentada em até 20 vezes para que sejam observadas as camadas mais profundas da pele, detectando qualquer alteração ou tumor, por menor que seja.
Pessoas sem histórico pessoal ou familiar de câncer da pele podem se consultar uma vez por ano. Já para aquelas com histórico, a orientação é que as consultas sejam semestrais.
Um ponto muito relevante a ser observado na escolha do médico dermatologista é se ele é ligado à Sociedade Brasileira de Dermatologia. Mesquita Filho explica por quê: "Ser membro da SBD implica em uma formação supervisionada e avalizada pela Sociedade. São profissionais com título de especialistas em dermatologia pela Associação Médica Brasileira (AMB), que passaram por um exame rigoroso com índice de 50% de reprovação. São dermatologistas do mais alto nível".
Ele informa, ainda, que sem a aprovação na avaliação da AMB o médico não pode se denominar dermatologista nem colocar este título em seu carimbo de trabalho.
Proteção na infância impacta vida adulta
Quem tem filhos deve estar sempre atento à proteção solar dos pequenos, além da sua própria. Isso porque ela terá consequências no futuro. "A maior parte dos melanomas em adultos é relacionada a queimaduras solares da infância", revela o médico dermatologista.
Além disso, é na infância que se formam os hábitos que carregamos para o restante da vida. Ter o costume de se proteger contra os danos dos raios solares desde pequeno passa a ser um ato tão natural quanto escovar os dentes, por exemplo. Essa rotina saudável contribuirá para a prevenção do câncer da pele durante a vida adulta.
"Dos seis meses de vida em diante, a proteção - não apenas com filtro solar, mas colocando em prática todas as outras formas de evitar os raios solares incluindo, quando necessário, o uso de EPIs - precisa ser constante, especialmente na face, no dorso das mãos e no colo. A prevenção na infância é sinônimo de segurança na vida adulta", explica o dermatologista Joaquim José Teixeira de Mesquita Filho.