Publicado em 01/05/2021 às 23h
Grupos de manifestantes contrários e favoráveis ao governo federal foram às ruas neste sábado (1º), Dia do trabalhador, em diversas cidades do Brasil.
Apoiadores do governo criticaram o Supremo Tribunal Federal (STF) e pediram a volta do voto impresso e o fim das restrições sanitárias implantadas para conter a Covid-19 no país.
Milhares de manifestantes se concentraram na Avenida Paulista neste sábado em um ato de apoio a Bolsonaro. Eles pediram "intervenção militar". A concentração teve início por volta das 9h na altura da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
No local, um carro de som foi posicionado com uma grande faixa pedindo a reabertura econômica no estado de São Paulo durante a pandemia do coronavírus e contra o STF. No veículo, discursaram Carla Zambelli (PSL) e Roberto Jefferson (PTB). etc....
Os críticos ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediram mais vacinas e defenderam direitos trabalhistas e a volta do pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600.
Em Campinas, no interior o sindicato dos professores da rede estadual organizou uma carreata contra a volta das aulas presenciais e cobrou a volta do auxílio emergencial. Um homem armado e sem máscara, que se apresentou como policial federal, chegou a retirar uma faixa, e houve princípio de confusão. Não houve disparos e ninguém ficou ferido. A situação foi controlada pela Polícia Militar. Em seguida, o ato seguiu pelas ruas do Centro. etc...
1º de maio – Dia do Trabalho
Desde o fim do século XIX, nos Estados Unidos da América, no Brasil e em vários outros países ocidentais, o dia 1º de maio é tido como o Dia do Trabalho ou o Dia do Trabalhador. Tal data foi escolhida em razão de uma onda de manifestações e conflitos violentos que se desencadeou a partir de uma greve geral. Essa greve paralisou os parques industriais da cidade de Chicago (EUA), no dia 1º de maio de 1886. Para compreendermos os motivos que levaram os trabalhadores a tal greve e o porquê da escolha desse dia como marco de memória, é necessário conhecer um pouco do contexto do período.
Revolução Industrial e classe operária
Sabemos que, durante o século XVIII, ocorreu, em solo inglês, um dos acontecimentos mais importantes da história da humanidade: a Revolução Industrial. Da Inglaterra, o processo de industrialização alastrou-se, inicialmente, pela Europa e, depois, para outros continentes, como o americano. Uma das consequências mais patentes da Revolução Industrial foi a formação de grandes centros urbanos, fato que gerou, consequentemente, uma grande concentração de pessoas em seu entorno, sobretudo de operários, cujo trabalho nutria as indústrias.
A formação da classe operária demandou uma série de necessidades que nem sempre era efetivamente cumprida pela burguesia industrial. As horas trabalhadas eram, muitas vezes, excessivas e a relação entre empregado e empregador nem sempre era amistosa. Nesse contexto, surgiram os sindicatos e os movimentos de trabalhadores, orientados por ideologias de esquerda, como o anarquismo (anarcossindicalismo) e o comunismo.
Instituição do Dia do Trabalho no Brasil
No caso específico do Brasil, a menção ao dia 1º de maio começou já na década de 1890, quando a República já estava instituída e começava um processo acentuado do desenvolvimento da indústria brasileira. Nas duas primeiras décadas do século XX, começaram a formar-se os movimentos de trabalhadores organizados, sobretudo em São Paulo e no Rio de janeiro. Entre esses movimentos, também figuravam ideologias como o anarcossindicalismo, de matriz italiana, e o comunismo.
Em 1917, a cidade de São Paulo protagonizou uma das maiores greves gerais já registradas. A força que o movimento dos trabalhadores adquiriu era tamanha que, em 1924, o então presidente Arthur Bernardes acatou a sugestão que já ventilava em várias partes do mundo de reservar o dia 1º de maio como Dia do Trabalho no Brasil. Dessa forma, desde esse ano, o 1º de maio passou a ser feriado nacional. Na época do Estado Novo varguista, a data era deliberadamente usada para eventos de autopromoção do governo, com festas para os trabalhadores e muitos discursos demagógicos.