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Cabelos Grisalhos a escolha é SUA

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 CABELOS GRISALHOS
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       Por Andréia Nicolini Sonda

         Fui desafiada a fazer uma matéria sobre os meus cabelos grisalhos, e curtos, então, vamos lá: 

         Há tempo eu já dizia para minhas cabeleireiras (antes a Arlete e agora a Margarete) que tinha que ser inventado um produto que os fios brancos já fossem ficando tingidos ao nascer, para não precisar aplicar a tintura a cada vinte dias, como era o meu caso. Como esta invenção não foi criada, agendei para retornar ao salão e pintar no mês de março/2020, porém chegou a pandemia, quando a minha cabeleireira desmarcou o serviço por três vezes, por causa do abre e fecha do comércio e serviços, então, eu disse para o meu marido: “Altemir, quer saber, é um sinal de que não é mais para eu pintar o meu cabelo.”, e ele de pronto me apoiou. Nisso, eu fui forçada a tirar férias e comecei a assistir vídeos de mulheres que aderiram aos cabelos grisalhos, ler depoimentos, enfim, a curiosidade chegou com tudo, e comecei a olhar com outros olhos aqueles cabelos naturais apontando na minha cabeça, ao contrário de anteriormente, que eu tinha pavor de me olhar no espelho e ver aquele risco branco. E passei a gostar da ideia, a seguir mulheres que encararam a transição numa boa, e me inspiraram a fazer o mesmo. Aliás, a minha maior incentivadora foi minha irmã Caciana, ela me deu força desde o início, mandando fotos com modelos, sugerindo leituras de matérias a respeito, foi muito legal. Teve também minha sobrinha Luisi e amigas, como a Alecsandra e a Maclóvia, empolgadas com a ideia, que me ajudaram a não desistir, porque não é fácil, não, tem que ter muita coragem, persistência e determinação. Eu ouvi frases como: “Tu ficou muito mais velha!”, “Tu é muito nova para deixar o cabelo branco!”, “Mas tu não tem cinquenta anos ainda!”, “Por que tu não pinta em casa se é complicado levar a Kauana junto no salão?” Enfim, julgamentos, sem ninguém querer saber as razões ou se colocar à disposição para ficar com a Kaká... 
          É interessante que tem todo um movimento, embora tímido, para que seja abolido o preconceito para com o cabelo branco. Muitas mulheres famosas já assumiram seus cabelos brancos, por exemplo, Kika Ribeiro, Fafá de Belém, Preta Gil, Glória Pires, Sandra Annemberg, Renata Vasconcelos, Tatá Werneck, Cassia Kiss, Carla Vilhena, Vera Holtz, Betty Faria, Glória Menezes, Fernanda Montenegro, Suzana Alves, Samara Felippo, entre outras, mulheres estas que eu já admirava. E é cultural a ideia que a mulher tem que pintar as medeixas para parecer mais nova e que o homem de cabelo grisalho é charmoso, enquanto que a mulher de cabelo branco natural remete ao rótulo de relaxamento. Aliás, uma cultura machista, capitalista e consumista. 
          Para mim não é sinal de velhice, não, e sim, é sinal de maturidade, de experiência, de histórias vividas com estresse e também de genética. Então, no dia 02 de abril de 2020, dia em que completei meus 44 anos, eu decidi não mais pintar meu cabelo, e no dia 27 de junho de 2020 cortei o cabelo mais curto. Foi uma mistura de sentimentos, até lembrei da Dinda Julia (in memória) que perdeu o cabelo nas quimioterapias, mas a sensação de liberdade e de empoderamento é inexplicável. Eu que sou mãe atípica, que precisava levar a Kauana, com deficiências múltiplas, junto comigo, e ela quase sempre inquieta e ansiosa, ou deixá-la nas terapias com hora marcada para pegá-la, ou ainda em casa com o pai, que também tinha seus compromissos, então, eu ficava angustiada... Só eu sei o que passei em tantos anos de tintura, nossa, foi LIBERTADOR. Sem falar nos elogios que recebi, quando cortei o cabelo bem curto, em 25 de setembro/2020, foi gratificante. E sabe o melhor de todos os elogios? Muitas pessoas queridas chegaram pra mim dizendo “Tu ficou muito parecida com tua mãe.” Minha mãe é falecida e nunca tingiu o cabelo, daí não tive dúvida: “ela lá do céu também gostou.” 
          Eu quero deixar um recadinho para as mulheres que já pensaram em não pintar mais os cabelos: sigam seus corações, não deem ouvidos para quem diz que vocês parecerão mais velhas, que é desleixo, deixem que falem. Se permitam experimentar, caso não se sentirem bem, pintem novamente, talvez azul, cor de rosa, verde, sei lá... Eu estou gostando, mas se um dia eu pensar em mudar, mudo de novo, nem que para um corte de cabelo “cabeça raspada”, que também me identifico! E mesmo assim continuarei sendo a Andréia de sempre!  

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