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Publicado em 20 de Junho de 2021 às 18h45min
 
Em alta no mercado, trigo vira opção para o inverno
 
Tempo úmido contribui no avanço do cultivo de inverno. Cerca de 40% das lavouras foram semeadas
 
A área com trigo pode aumentar em mais de 60% este ano, passando de 2.176 para 3.625 hectares. A estimativa é da Emater/RS-Ascar, regional de Lajeado, que atende 55 municípios nos vales do Taquari e Caí.
 
O incremento se deve muito à valorização do cereal no mercado externo e impulsionado pela demanda da indústria das carnes. O trigo se torna uma alternativa para ração em meio à quebra na safra de milho e altos preços da soja.
 
Com cerca de 40% das lavouras semeadas, o tempo úmido contribui no avanço do cultivo de inverno. “O frio de modo geral não prejudica a cultura, somente se houver geada no período de floração, entre agosto e setembro”, observa o engenheiro agrônomo, Alano Tonin.
 
Conforme Tonin, o rendimento médio estimado para lavouras de trigo na região é de 45 sacas por hectare. “O preço médio da saca é de R$ 83,88, antes R$ 45,24 na safra passada”, comenta.
 
Após safra de soja com bons rendimentos, o produtor Nelson Shorr, 64, já semeou 130 hectares de trigo na propriedade em Lajeado. “É uma cultura de risco, não tinha um olhar comercial, mas era para conservação da lavoura após colheita da soja e milho”, cita.
 
A produção está negociada com cooperativa local e projeta rendimento de 55 sacas por hectare. Nelson Shorr, 38, ajuda o pai no manejo das lavouras
 
Custos de produção
Levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), aponta que os custos totais por hectare de trigo nesta safra é de R$ 4.305,01. Com isso, o custo por saca ficou em R$ 71,75.
 
Isso representa aumento de 31,74% frente aos R$ 3.267,78 gastos por hectare na safra passada. Considerando somente o desembolso, o produtor vai ter um custo de R$ 3.187,02 por hectare, elevação de 32,48% em um ano.
 
Na avaliação do economista da FecoAgro/RS, Tarcisio Minetto, os produtos que têm custos em dólar foram os que sofreram maior impacto. O aumento de preço dos insumos, combustíveis e equipamentos são fatores dos altos custos de produção.
 

Preço do leite ao produtor sobe 20 centavos em junho

Valor médio se aproxima a R$ 2,00/litro, mas fica abaixo do custo da ração, estimado em R$ 2,16/quilo

O valor pago ao produtor pelo litro de leite indica retomada. Na apuração feita pela regional da Emater/RS-Ascar, a valorização chega a R$ 0,20 em relação ao mês anterior. O valor médio se aproxima de R$ 2,00 em junho, ante R$ 1,80 pago em maio aos produtores no Vale do Taquari.

Neste cenário, há dois extremos. Produtor com menor rendimento recebe na faixa de R$ 1,60 por litro, já aquele com uma estrutura maior, chega a R$ 2,45. Além da política comercial de cada empresa, a qualidade e escala de produção são determinantes.

De acordo com o técnico da Emater, Martin Schmachtenberg, historicamente nesta época do ano os preços se elevam, tanto para o produtor quanto ao consumidor. “Com a chegada do frio, aumenta o consumo dos produtos lácteos de modo geral”, observa.

A valorização do litro de leite busca também equilibrar a disparidade diante da alta nos custos de produção, puxados pelo preço do milho e concentrados. Se considerar o valor do quilo da ração e do litro de leite, o saldo é negativo.

“Recebemos R$ 1,77 por litro e leite e pagamos R$ 2,16 o quilo da ração”, comenta Valtair Cavalli, 43, de Boqueirão do Leão. A família está no setor faz 15 anos, sendo a principal atividade. Apesar da diferença entre custo e renda, ainda conseguem obter algum lucro e manter a propriedade.

São 26 vacas em lactação, produzindo em média 8 mil litros/mês. Conforme o produtor, a oscilação de preços é histórica e muitas vezes injusta para quem está no campo. “Agora estamos recebendo um pouco a mais pela bonificação, resultado da qualidade do leite”, explica.

Valor de referência

Conforme dados do Conseleite, o preço de referência era de R$ 1,43 no início do ano, registrou queda em fevereiro, leve alta em março e nos meses seguintes se manteve estável, mas abaixo de R$ 1,50/litro.

O coordenador do Conseleite, Alexandre Guerra, explica que a tendência do mercado lácteo gaúcho é de recuperação. “A volta às aulas presenciais, o pagamento do auxílio emergencial e a redução da produção nacional são fatores que, somados, ajudaram a retomada”, pondera.

No campo, também há sinais de recuperação com elevação da captação. Apesar do otimismo com o clima que vem favorecendo as pastagens, a situação da pandemia ainda exige atenção para possíveis instabilidades no consumo.

Ordenha robotizada
A família Fell, no interior de Estrela, fez investimento robusto para ampliar a produção e agregar valor. São 160 vacas em lactação, de um plantel de 300 animais. A produção diária é de 5,5 mil litros.

Hélio Fell, 55, observou oportunidades e instalou ordenha robotizada e infraestrutura de climatização. Na última venda recebem R$ 2,33 o litro. “O preço baixou no início do ano e agora começa a reagir. Estava bem preocupado”, comenta.

Os investimentos foram viabilizados tendo em vista a sucessão na propriedade. Leandro Fell, 31, segue os passos do pai e busca tecnologia para melhorar a produtividade. “Vamos focar na genética dos animais para produzir leite em quantidade e qualidade”, ressalta.

 

Orçamento revisto e promessa de Plano Safra para terça-feira


Após o anúncio de redução no investimento destinado à produção primária, com a votação da Lei Orçamentária pelo Congresso, a mobilização dos setores ligados aos agricultores familiares e a pressão de parlamentares fizeram com que o governo federal retrocedesse.

Tanto que foi autorizado na sexta passada a retomada por parte dos bancos das operações de crédito rural com equalização de juros da safra 2020/21. Esse tipo de operação estava suspensa desde o dia 5 de maio, quando o próprio Tesouro realizou o corte como uma resposta à redução do orçamento deste ano para programas de subvenção ao financiamento agropecuário.

Os detalhes quanto aos valores destinados para os programas foram tema de reunião nessa terça-feira entre a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e o Ministério da Agricultura (Mapa).

Na ocasião, a ministra Tereza Cristina ressaltou o interesse em atender a reivindicação quanto a verba destinada para o plano. O pedido da Fetag é de um orçamento de R$ 40 bilhões. Pelo debate na reunião dessa semana, não será possível alcançar esse total, diz o presidente da Fetag, Joel da Silva.

O anúncio definitivo sobre o funcionamento do Plano Safra 2021/22 está agendado para a próxima terça-feira, dia 22 de junho. Pelo entendimento das entidades ligadas aos agricultores, é fundamental manter políticas públicas, como o Proagro, que teve aumento nos custos do seguro agrícola, além do Pronaf, com alteração nos critérios, pois há agricultores que perderão o acesso devido as altas nos custos de produção. Também há mudanças no modelo de aquisição de alimentos (PAA) e no programa de habitação rural.

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