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Publicado em 23/04/2021 às 15h40min

 

Milho vs. leite: relação de troca é a pior em 10 anos para o pecuarista


Em março, o pecuarista leiteiro precisou de 47,21 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 quilos de milho
As consecutivas valorizações do milho neste ano, têm criado um cenário de alerta ao produtor leiteiro, que já enfrenta três meses de queda na receita no primeiro trimestre, o valor do leite pago ao produto caiu quase 10%. Nesse contexto, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o atual poder de compra do produtor de leite frente ao milho é o mais desfavorável em 10 anos.

Em março, o pecuarista leiteiro precisou de 47,21 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 quilos de milho, 11,93% a mais que em fevereiro. Foi, também, o terceiro mês consecutivo de piora na relação de troca e o momento mais desfavorável ao produtor leiteiro desde janeiro de 2011.

Leite: preço pago ao produtor recuou pelo terceiro mês seguido, diz Scot
Daoud: Alta no custo de produção impede produtor de continuar trabalhando
Segundo levantamento da Equipe Grãos/Cepea, preocupados com os possíveis impactos do clima sobre a produção da segunda safra, produtores de milho estão limitando as vendas no spot nacional. Em março, o cereal  teve média de R$ 91,51 por saca saca de 60 kg, avanço de 9,08% em relação à de fevereiro/21 e um recorde da série histórica do Cepea, iniciada em 2004.

Com alta de 1,86% em março, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira fechou o primeiro trimestre de 2021 com elevação acumulada de 7,24%, considerando-se a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). Pelo segundo mês seguido, os fatores que mais influenciaram o avanço dos custos foram os adubos e corretivos, que se valorizaram expressivos 12,86% em março – superando, portanto, a já intensa alta registrada em fevereiro, de 6,02%. Diante disso, o aumento nos valores dos adubos e corretivos na parcial de 2021 (até março) é de significativos 21,32%.

O movimento de elevação nos preços dos adubos e corretivos, por sua vez, se deve aos altos valores pagos para aquisição de matéria-prima para a fabricação destes insumos, tendo em vista o dólar bastante valorizado frente ao Real. No primeiro trimestre, a moeda norte-americana registrou valorização de 7,85%. Além disso, ao aumento dos preços de frete – devido à forte demanda para o escoamento da safra de grãos – também encarece os custos de transportes de fertilizantes, influenciando as cotações dos adubos e corretivos

 

ANÁLISE

'Pecuária leiteira precisa de reforma estrutural, profunda e urgente'

Segundo o comentarista Bendito Rosa, é preciso rever o modelo de comercialização de leite no Brasil
Diante de custos cada vez mais altos na pecuária leiteira, muitos produtores optam por abandonar a atividade ou ainda optam pela venda de matrizes, para não amargarem maiores prejuízos.
Diante desse cenário, o comentarista Benedito Rosa, diz que é necessária uma mudança radical no setor. "Devemos rever o modelo de comercialização de leite no Brasil. O produtor entrega o leite sem saber o preço que vai receber. É necessário o mínimo de ação do ministério, de previsibilidade e de uma linha de financiamento adequada ao setor", afirma.

Ainda segundo Benedito, as mudanças no setor são urgentes e medidas paliativas não ajudam.

 

 

PLANO SAFRA
Tereza Cristina: fortalecimento de cooperativas é uma das prioridades do ministério
Ministra mencionou que na safra 2020/2021 a pasta aprimorou programas voltados ao setor cooperativo, como o Prodecoop e Procap Agro, de investimentos
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o fortalecimento das cooperativas agropecuárias é uma das prioridades da pasta e do Plano Safra. “Hoje 71% dos estabelecimentos rurais de produtores associados a cooperativas são agricultores familiares e metade da produção agropecuária passa pelas cooperativas do setor”, afirmou Tereza Cristina, durante evento online de lançamento da Agenda Institucional do Cooperativismo 2021, realizado nesta quinta-feira, 22, pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

OCB lança agenda reforçando importância e demandas do cooperativismo
Tereza Cristina mencionou que na safra 2020/2021 a pasta aprimorou programas voltados ao setor cooperativo, como o Prodecoop e Procap Agro, de investimentos, mas disse estar ciente de “que é possível fazer”. De acordo com a ministra, o ministério continuará buscando dar apoio ao segmento, por meio do aumento de recursos para tais programas, assim como para o Pronamp (dirigido aos médios produtores) e ABC+, de estímulo a práticas ambientalmente corretas.

A ministra mencionou, ainda, a demanda crescente, dentro e fora do país, por alimentos que venham de processos produtivos sustentáveis, inclusive em pequenas propriedades. “O cooperativismo será importante para disseminação de práticas de baixo carbono entre os pequenos agricultores”, afirmou.

 

 

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