Agricultura

BRF entrega sêmen suíno a produtor integrado usando drones

Agricultura

Publicado em 18/05/2021 às 15h10

 

TECNOLOGIA
 
BRF entrega sêmen suíno a produtor integrado usando drones pela 1ª vez
 
O primeiro teste da tecnologia aconteceu no interior do Paraná, com aeronaves que podem voar até 50 km
 
A companhia de alimentos BRF realizou a primeira entrega de material genético a um produtor usando drone. Em tempos de pandemia e isolamento social, o uso dessas aeronaves surge como alternativa para transporte de produtos a médias distâncias, com menor contato humano.
 
Em setembro do ano passado, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) liberou o primeiro serviço de delivery aéreo do país, após solicitação do Ifood. Agora, no primeiro teste da BRF, o drone entregou doses de sêmen suíno para inseminação em uma granja integrada na zona rural de Toledo, no Paraná.
 
De acordo com a companhia, foram avaliados tempo, praticidade e segurança do transporte. “Com rota predefinida, a aeronave decola de forma automatizada e usa softwares de navegação, câmeras e sensores para voar até o destino, onde a carga, refrigerada, é desacoplada e deixada na área de entrega. A seguir, retorna ao ponto de origem”, diz a empresa.
 
Movido por um conjunto de baterias carregáveis por energia elétrica, o drone contribui para a redução de emissão de carbono na atmosfera, facilita a chegada às granjas, muitas delas em localidades de geografia acidentada, diminui tempo e traz ganhos ambientais, justifica a BRF.
 
O projeto também tem como objetivos a segurança sanitária e a biosseguridade. “Testamos a movimentação de cargas para estudar a viabilidade desse modelo de transporte para a cadeia agropecuária, para que no futuro possam ser realizados voos mais longos, cobrindo áreas maiores, e para aterrissarmos tecnologias que sejam realmente funcionais no campo”, afirma o diretor de Agropecuária da BRF, Guilherme Brandt. Depois de avaliados os primeiros resultados, novos testes devem ser feitos.
 
De onde veio a ideia de usar drones?
Desenvolvido de forma conjunta pelas áreas de Agropecuária e Tecnologia da BRF, o projeto integra a plataforma Digital Agro 4.0, pela qual a BRF conecta o campo ao digital. “A tecnologia é um meio e não um fim para bons resultados. Com projetos como esse, avançamos na conexão do campo às novas tecnologias, facilitando a vida dos nossos integrados e cumprindo o propósito inovador da companhia”, afirma Antonio Carlos Cesco, diretor global de Tecnologia da BRF.
 
Foram testados dois drones, com capacidade de transporte de 2kg a 5kg e autonomia de 2,5 km a 50 km. “Foi como ver o futuro chegando”, conta o produtor Ademir Geremias, integrado da BRF há 33 anos e proprietário da granja onde o teste foi feito.
 
Os drones são projetados para voar com segurança durante o dia, à noite e sob chuva leve. “A aeronave monitora automaticamente seus sistemas para garantir que é seguro voar e está programada para evitar a decolagem ou para tomar ações de contingência automaticamente se um problema for detectado”, diz Samuel Salomão, fundador e chefe de produto da Speedbird Aero, empresa parceira no projeto.
 
 
Agricultura brasileira tem 1.500 drones enquanto a China já usa 100 mil
 

Se o produtor brasileiro tivesse o mesmo número de drones dos chineses, a cobertura chegaria a mais de 80% da área plantada
O Brasil tem por volta de 1.500 mil drones operando na agricultura, ao passo que a China conta com pelo menos 100 mil desses equipamentos atuando no campo. A informação é do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), com base no estudo “Drones: China, Brasil e as tendências do mercado”.

Se o Brasil tivesse o mesmo número que o dos chineses, esse total cobriria pelo menos 81% de toda a área cultivada no Brasil, avalia o Sindag.

Uso de drones aumenta eficiência na aplicação de defensivos
O sindicato observa também que, na China, drones têm subsídios estatais desde 2014 e, no Brasil, todo equipamento é importado do gigante asiático e não há uma política para desenvolver o setor. “A China detém 70% do mercado mundial de aeronaves remotas”, comenta o sindicato.

Ainda para as empresas que lidam com drones no Brasil, “o maior acesso dos produtores a essa tecnologia esbarra na carga tributária e na falta de incentivos para a indústria daqui produzir seus próprios componentes”.

O setor espera, para abril, a regulamentação do Ministério da Agricultura para o uso das chamadas aeronaves remotamente tripuladas (ARP) no trato de lavouras.

Construída ouvindo o setor aeroagrícola, a própria indústria de drones e outros segmentos do setor produtivo, as normas devem colocar os equipamentos remotos como um segmento da aviação agrícola – por sua vez o único para o trato de lavouras com regulamentação específica no país, diz o Sindag.

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